top of page
  • Teresa Ribeiro

Delícias dos Açores


Por Teresa Magalhães Ribeiro


Por estes dias tem-se falado muito nos Açores, e a minha memória transportou-me para uma das experiências que lá tive.

Como devem saber, os Açores são ilhas de origem vulcânica, e apesar de adormecidos há cerca de quatro séculos, alguns vulcões que lhes deram origem ainda estão ativos.

Esse fenómeno é bem visível em redor da Lagoa das Furnas e na própria povoação das furnas, onde podemos observar pequenas poças com águas borbulhantes, sentir o calor quando nos aproximamos, bem como um não tão agradável cheiro a enxofre.

Ora, as populações da região têm aproveitado esta poderosa fonte de energia para cozinhar.

Perguntar o que é o cozido das Furnas, é como perguntar o que é o pastel de belém.

Assim como um pastel de belém é um pastel de nata produzido em belém, o cozido das Furnas não é mais do que um cozido à portuguesa confecionado nas Furnas. E quando digo nas Furnas não me refiro apenas ao nome da vila, pois é confecionado literalmente em furnas de enxofre.

Tudo começa bem cedo, quando os ingredientes que tão bem conhecemos são colocados num grande tacho, bem fechado. Esse tacho é então colocado num buraco no chão, onde fica entre 6 a 7 horas. A temperatura nesses buracos varia entre cerca de 60 a 90ºC, e por aí se percebe que o processo de cozedura é lento e por isso saboroso.

Esta tarefa é reservada a profissionais, pois toda a zona circundante está extremamente quente, e um pé no lugar errado pode resultar num acidente grave.

Por volta do meio-dia é o ponto alto, em que são retirados os tachos e levados para os restaurantes locais.




Toda a zona envolvente é lindíssima, vale muito a pena a caminhada à volta da Lagoa, e é uma boa forma de abrir o apetite para o cozido.

bottom of page