Por António Cláudio Heitor
Depois de um Inverno seco a tão esperada chuva lá veio e o no mundo #naturalmenterural reagiu a esse generosa oferta … renasceu e deu-nos alimento, sombra e cores admiráveis.
Os meses primaveris de 2023 foram tempos de regressar à Serra do Açor, mais concretamente à mata da Margaraça. Curioso que apesar do relevo ser mais irregular e a altitude maior, este mundo rural também nos dá tranquilidade que o Alentejo me deu no Inverno, e também merece o já famoso respirar e aproveitar o momento. Saber registar e mostrar a dificuldade inerente ao relevo e a forma como nós ultrapassámos essa dificuldade e criámos um Mundo Rural capaz de satisfazer as nossas necessidades é sempre um dos objectivos das minhas imagens.
Nesta imagem a forma como as nuvens foram incluídas foi o desafio a ultrapassar, pois a mesma imagem como um céu limpo seria uma imagem diferente e, na minha opinião, com menos interesse. Esta questão das nuvens alerta-nos para a importância da mensagem que queremos passar com uma imagem e qual o “propósito” de cada elemento que faz parte da composição e do enquadramento. Para além da carga emotiva das nuvens cinzentas as suas linhas acabam por me conduzir pela imagem, vale abaixo diria (ou espero eu), ao mesmo tempo que “justificam” a presença das flores que agradeceram a chuva das semanas anteriores.
Por todas as minhas andanças a preocupação em perceber de que forma nós marcamos as diferentes paisagens do nosso país é uma constante. Perceber que na verdade estes momentos admiráveis são de facto o resultado da combinação das forças da natureza e do empenho dos humanos em trabalhar a terra de forma a retirar dela o alimento que precisamos é só por si admirável. A forma como mostrar essa realidade é sempre um desafio.
Para além das paisagens, há um vastíssimo conjunto de pormenores que merecem a nossa especial atenção. Estes pormenores vão desde uma determinada cultura agrícola até aos “pequenos” habitantes naturais das nossas paisagens … os insectos.
Os insectos no geral não constituem algo a que nós dediquemos tempo e admiração. Mas na verdade são elementos cruciais para o sistema complexo do nosso Mundo Rural e, em última análise, da comida que vamos tendo à mesa. A polinização assegurada por um exército de pequenos seres é algo que nos habituámos a ter e a tirar o proveito dessa relação. As borboletas e as abelhas são os representantes mais conhecidos deste vasto grupo.
Perceber como têm evoluído as populações destes pequenos seres tem permitido que eu dedique algum tempo a este universo mais escondido. O desafio de fotografar seres pequenos que se movem a uma velocidade elevada é muitas vezes inglório, pois na maioria dos casos terminamos com uma imagem desfocada ou sem o motivo principal.
Mas esses erros e dificuldades são fundamentais para percebermos como devemos “parametrizar” a máquina e assim facilitar a nossa tarefa enquanto “registadores de momentos”.
Outro pormenor comum é o simples acto de lavrar a terra e enquadrá-lo na história do nosso mundo #naturalmenterural. Quando observamos com atenção este momento agrícola, rapidamente nos apercebemos que na verdade estamos a registar muito mais do que uma simples prática agrícola, mas sim uma convivência pacífica entre a máquina, o agricultor e as aves.
O simples revirar da terra e a abertura de sulcos no solo, deixa a descoberto um conjunto de invertebrados que mais não são do que alimento para muitas das nossas aves. Todas agradecem à sua maneira a ajuda preciosa do agricultor.
É sempre bom ver que a paz vai reinando no campo, ao contrário do que se vai apregoando pelas redes de opinião. É sempre importante registar esta convivência pacífica e demonstrar que tal não é só possível mas desejável. Não existe um “deus e um diabo” nesta relação entre o Homem e a Natureza, existem sim coisas bem feitas e outras mal feitas, cabendo-nos a nós usarmos a nossa sabedoria e o bom senso para tomarmos as melhores decisões para ambas as partes.
Por isto e muito mais, dedico grande parte da minha atenção a estas práticas agrícolas que contribuem decididamente este nosso mundo #naturalmenterural e para muito do que somos hoje enquanto Nação. No próximo capítulo dos meus #momentosamiraveis conto-vos um pouco mais sobre isto.
Comments